segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Moving at the speed of light*

"Eis um pequeno fato: você vai morrer.". Oh!!! Grande novidade. Este trecho da primeira página do "A Menina que Roubava Livros", do Markus Zusak, diz aquilo que todos nós sabemos, mas que às vezes, parecemos esquecer: a vida é finita. Sim, é nosso destino, como organismos vivos e orgânicos que, um dia, por mais saudável que seja nossa vida, por mais que nos cuidemos, façamos exercício, paremos de fumar, de comer picanha gorda, de tomar cerveja e coca-cola, nós iremos todos morrer. Fúnebre? Funesto? Sombrio? Não, acho que não. Depende da maneira que você encara. Depende daquilo que você acredita. Eu encaro de uma forma muito natural. É a situação do tipo: "adianta fazer alguma coisa? Não? Então... pare de se preocupar.". E é bem assim mesmo. Costuma-se dizer que o que não tem solução, solucionado está.

Alguns acreditam que depois que ela chega, aí sim que tudo começa. Outros acreditam que este é o final absoluto. Que não existe além, que não existe alma, que não existe Deus, que somos animais com inteligência em um ecossistema propício à nossa espécie e que no dia que nosso organismo parar nós também paramos por ali mesmo. Eu, sinceramente não sei em que acreditar. O que sei é que ela é a coisa que une a todos nós. Não escolhe raça, nível social, sobrenome, salário, cargo na empresa, beleza física, nada. É o elo que une toda raça humana e todos seres vivo do planeta terra.

Na verdade, o que me motivou a escrever esse texto é uma coisa bem simples. As pessoas parecem achar-se imortais (e imortal é só o Grêmio). Contamos demais com o "amanhã", com o "uma hora dessas", com o "um dia desses", o "semana que vem" e todos os sinônimos para postergação do que se tem a fazer. Deixa eu dar uma pequena informação para você: NÃO EXISTEM nenhuma dessas datas. Só existe uma data para viver, para fazer, para acontecer, e este dia é hoje. As pessoas contam com a prorrogação de suas vidas como certas. Por mais um dia, por mais uma semana, por mais um mês, um ano. Ninguém, além da lei das probabilidades, nos garante esta extensão. Cada segundo a mais que você respira, é uma colher de chá a mais que o destino lhe deu e, pelo amor de Deus, faça coisas que prestem com os segundos extras que você está sendo dado.

Se nada lhe impede de fazer uma coisa hoje, FAÇA-A HOJE. "Ah, mas fulano me ligou hoje a tarde pra sair hoje à noite. Fica mal eu aceitar. Vou fazer um charminho, inventar uma desculpa e marcar pra amanhã ou depois.". Belo exemplo de comportamento humano contando com a eternidade do sopro da vida. Ou então o clássico: "Não, hoje não. É recém a primeira vez que a gente sai juntos. Estou morrendo de vontade, mas não vai rolar. Quando a gente sair a 4ª ou 5ª vez, aí vai rolar.". Ah, muito bem. Perfeito. Afinal de contas, a sua vida eterna vai continuar existindo até lá, não é verdade? Pelo amor de Deus, se você já tem certeza que vai acontecer e você tem vontade, FAÇA! E, veja bem, este tipo de filosofia não se adequa apenas a relacionamentos. Isto vale para tudo. Para fazer aquele passeio, visitar aquele amigo, dizer algo legal para quem você ama, usar aquele jogo de porcelana chinesa que está no armário e que você está guardando para "uma ocasião especial" ou então usar aquela roupa legal que está sendo guardada para a tal ocasião especial.

Veja bem, minha proposta aqui não é que devamos sair fazendo tudo de forma estabalhoada, sem pensar em consequências. Eu mesmo tenho meus planos para o futuro. Eu junto grana todo mês para poder comprar uma casa em um ou dois anos. Isto já é uma prova que não sou um inconsequente que só penso no hoje sem planejar o que vem pela frente. Só gostaria que as pessoas deixassem de frescura. Gostaria que vivessem suas vidas a pleno e que parassem de encarar a vida como uma conta bancária milionária e infinita, que pode-se jogar os minutos e horas pela janela como se fossem notas de cem dólares. Nós temos um tempo finito aqui. Temos dia pra entrar e para sair. O dia para entrar, todos nós conhecemos e o comemoramos todos os anos. O dia para sair ninguém sabe. Pode ser hoje, pode ser amanhã. Este pode ser o último texto que você lê na sua vida antes de sair na rua e ser atropelado por um Scania carregado de melancia com placa de Mato Leitão. Por isso, antes de deixar para outra hora uma coisa que você gosta e está com vontade, mas que não faz porque, sei lá, pega mal - o que vai parecer??? - pense nas palavras escritas neste blog e vá viver sua vida.

Afinal de contas, você tem apenas uma e ela pode acabar a qualquer momento.

Momento Polaroid!!! \o/ Hoje dedicado ao Glorioso Tricolor. Que venha 2009!!!



Uma pequena torcedora tricolor ensaia os primeiros cantos de alento!


Estes veteranos já alentaram o que deu. Devem ter visto o Lara jogar, se bobear.


Victor fala com a imprensa.


Esses aí estão sempre lá. Rumo a 100% de presença em 2009.


Namastê!

*
Coldplay - Speed of Sound

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

I started a joke *

Voltando pra Porto Alegre devagarinho, recomeçando o trabalho. Uma tonelada de emails na caixa de entrada que precisou de uma manhã inteira pra ser limpa, colegas tirando sarro do seu bronzeado e aquele convite pra happy hour que aconteceu semana passada esperando seu aceite na caixa de email. Mas é bom voltar. Somos seres movidos à rotina e a rotina nos faz bem. Ultimamente a minha rotina havia sido dormir até meio-dia, sol, piscina, praia, ceva, caipa, churrasco, comer, comer, comer, beber, beber, beber sem hora certa e meia horinha de exercicio pra dar uma compensada. Digamos que o equilíbrio ficou levemente comprometido desta forma. Quando as férias acabam, você volta ao seu ritmo. Passa a comer nos horários corretos e em quantidades razoáveis, volta a fazer exercícios regularmente e retoma um horário de ir dormir e acordar adequados. Aos pouquinhos o relógio biológico vai retornando ao normal e o bronzeado vai indo embora até a brancura que combina com a selva de concreto tomar conta do corpo novamente. C'est la vie!

Coisa boa Porto Alegre no verão, né? O trânsito é um paraíso, um monte de lugar pra estacionar na PUC, restaurantes com uma lotação aceitável, além, é claro, dos cachorros chatos do vizinho mala viajando e dando uma trégua para ouvidos do prédio inteiro. Dura até depois do carnaval, quando volta tudo de novo que nem era antes e a gente reclama, mas adora.

Lembrei de um negócio engraçado de quando eu estava em Rio Pardo nas férias. Quem é de cidade pequena vai dentificar-se. Seguinte: Eu nasci e me criei em Rio Pardo. Meu avô era mais conhecido que teto de barbearia assim como meu pai, que na qualidade de apresentador de um programa semanal na Rádio Rio Pardo também é mais conhecido que parteira de fronteira. Aí acontece uma coisa curiosa: Você sai na rua (principalmente num lugar que nem Rio Pardo que o centro comercial tem duas ou três quadras e todo mundo faz a caminhada e corrida de final de tarde no mesmo lugar) e um monte cumprimenta de longe, ou pior, faz menção que vai cumprimentar. Você não faz nem idéia de quem as criaturas sejam, mas acaba, mais que rapidamente, cumprimentando também. Vai saber, né? As criaturas ficam olhando e se você passa sem cumprimentar, vai rolar o comentário: "Aquele filho do Paulo Ene, vou te contar, viu? Mudou-se para Porto Alegre, fez umas viagenzinhas pro exterior e pronto: virou um guri cheio. Deve estar se achando bom demais pra cumprimentar as pessoas de Rio Pardo.". Pronto. É o que precisa para você virar o chato e convencido que foi embora e deu as costas para a sociedade que o criou em seus braços. Por estas e outras que, quando estou em dúvida, cumprimento sempre. Além de ser sinal de educação, ajuda você a não ser difamado!

Hoje não tem Momento Polaroid, mas tem algo muito melhor:



Ainda estamos aguardando o comercial do Sport Clube Beira do Lago.

Namastê!

* Bee Gees - I Started A Joke

sábado, 10 de janeiro de 2009

Behind These Hazel Eyes

Hoje eu queria deixar de lado as brincadeiras, o sarcasmo, o tom ardiloso, jocoso e debochado deste blog um pouco. Quero falar sobre algo muito sério. Algo que aconteceu hoje e que eu dificilmente esquecerei enquanto viver (ou até um dia quando eu for bem velho e a esclerose ou qualquer uma das doenças da velhice me levem as lembranças embora). Gostaria de contar sobre o dia em que eu salvei uma vida. Eu sei, sei bem, que quem ajuda, quem faz o bem, quem é bondoso de coração não precisa contar pra todo mundo que o faz. Mas este é meu blog, é o lugar onde guardo minhas alegrias, dissabores, decepções, conquistas, derrotas e vitórias. Desta forma, julgo ser este o melhor lugar para que eu guarde estas linhas, pois os detalhes vão-se com os anos e não voltam mais.

Decidi escrever hoje, pois assim as lembranças estão frescas na memória. Sem mais delongas, vamos aos fatos. Era em torno de 19:00 do dia 10 de janeiro de 2008. Estava fazendo um exercício relaxante de fim de tarde às margens do Rio Jacuí, na minha terra natal, Rio Pardo. Tem uma estrada asfaltada, que todos conhecem como Perimetral, com pouco mais de 2.000 metros, que acompanha as margens do rio nos limites da área urbana. É um local bem comum para aqueles que gostam de caminhar, correr, passear e, como em todo local com esta característica, o fim de tarde é o horário mais movimentado. Estava quase no final da corridinha quando avisto um cãozinho deitado às margens da estrada, no acostamento. Ele balançava o rabo e parecia estar apenas descansando. Ao chegar mais perto, vi que algo de muito errado havia acontecido. A respiração dele estava ofegante e havia um corte grande e profundo logo acima da pata dianteira direita. Havia também um rastro de sangue vindo do asfalto onde pedaços de uma lanterna de automóvel denunciavam o ocorrido. Aquele animal indefeso havia sido atropelado e o motorista fugiu sem prestar ajuda. Postei-me ao lado dele, sem saber exatamente o que fazer. Não me ensinaram na faculdade de Ciência da Computação como prestar primeiros socorros à vítimas caninas. Reparei que a mesma pata onde logo acima havia o corte estava dobrada para trás de forma estranha, visivelmente quebrada por completo. Por mais de uma vez, o pobrezinho tentou levantar-se, mas a dor insuportável de apoiar-se sobre uma pata completamente quebrada o fazia deitar-se novamente e chorar tristemente de dor. Pela primeira vez naquele fim de tarde, as lágrimas quiseram correr ante ao sofrimento daquele animalzinho que nada havia feito a ninguém e encontrava-se no mais completo e absoluto abandono. Eu confesso que sinto mais pena de um bichinho do que se fosse uma pessoa. Pessoa raciocina, pessoa pede socorro, sabe se comunicar. Um pessoa atropelada e acordada tem plena consciência do que acabou de acontecer com ela. Imagine um cãozinho. O que ele estava passando naquele momento? Uma hora você está passeando feliz e saudável e de repente um estrondo, uma batida, você está no chão e não se levanta, pois uma dor insuportável se faz sentir na sua patinha. Você está ofegante e chorando baixinho à beira de uma estrada e é uma questão de tempo até que você morra de fome, de sede, de uma hemorragia ou até perder muito sangue.

Eu tinha, obviamente, que fazer algo. Deixá-lo ali que eu não ia. A certa altura, os olhos dele olharam diretamente nos meus. Olharam através de mim. Nunca havia visto aquela expressão no olhar de um animal. ele parecia dizer "Ajude-me, pois quero viver". Ás vezes não compreendo como podem haver pessoas de coração tão vazio e leviano, que conseguem passar e não fazer nada. Dizer "coitadinho" e ir embora. Não vou e nem preciso mencionar do que é feito o coração do monstro que o atropelou e sequer prestou ajuda. Esperei a primeira pessoa com um celular passar, já que eu nunca vou fazer exercícios com o meu. Liguei para casa e pedi à minha irmã que tentasse entrar em contato com um veterinário que fosse até lá o mais rápido possível. Eu não sou nenhum especialista em medicina animal, mas eu sentia que cada segundo era precioso e que meu amiguinho podia me deixar a qualquer instante. Eu não conseguiria suportar a dor daquele pobre cãozinho morrer nos meus braços. Depois de meia dúzia de telefonemas e de um pouco de sorte (ou intervenção Divina) conseguimos que a veterinária do Bidu fosse socorrê-lo. Na triste e longa espera de meia hora até que o socorro chegasse, fiz o que esteve ao meu alcance para ajudá-lo. Contrariando o que diz o bom senso e correndo o risco de ser mordido, ajeitei a patinha quebrada numa posição ereta, pois a posição que ela estava dobrada debaixo do corpo era desoladora. Pedi pra um dos guris curiosos que parou na volta sem saber exatamente o que fazer que descesse na praia e tentasse conseguir um pouco d'água, que ele recusou-se a beber. Enquanto isso, eu tentava retirar moscas, formigas e outros bichos que tentavam aproveitar-se do infortúnio do meu novo amigo.

Com todo jeito do mundo, tirei ele para longe de um formigueiro que havia ali perto e fiquei conversando com ele e afagando a cabeça e o peito enquanto o socorro não chegava. Os curiosos à volta iam se acumulando, mas o que tinha para se fazer já estava feito. Finalmente a veterinária chegou, no que pareceu ser a meia hora mais angustiante e longa da minha vida. Os primeiros diagnósticos não eram bons. Fratura múltipla do omoplata e dois cortes profundos, com possibilidade de perfuração da traquéia e hemorragia interna. Uma coisa era certa: não podíamos deixá-lo ali para morrer. Com a ajuda do marido da veterinária, colocamo-os no carro e partimos em disparada para a clínica, a uma quadra de casa. Chegando na clínica, nosso amigo já ganhou os primeiros cuidados. Ele foi deitado numa mesa, onde começou a tomar os primeiros pontos nos cortes. Felizmente, após um diagnóstimo mais calmo e metódico, foi constatado que os cortes foram apenas em músculos e que não houveram danos internos ou a órgãos vitais. Incrivelmente, pois sou o cara mais cagado que existe pra sangue e cortes, fiquei o tempo todo segurando nosso amigo e olhando fixamente para a agulha que com destreza o costurava. Em momento algum senti náusea ou qualquer tipo de repugna, apesar de ter as mãos e os braços já sujos de sangue.

Depois disso, nosso amigo ganhou um lugar para passar alguns dias no canil. Tomou uma injeção bem caprichada de analgésico e anti-inflamatório e sossegou. O estado de choque havia passado e ele já respirava normalmente. Em uma das horas que nos descuidamos, ele já queria sair porta afora apoiado em três patas. Teimoso e um lutador, o nosso cãozinho. Pegamos ele de volta e o recolocamos no canil, onde ele tomou dois potes d'água com vontade. Deixamos um pratinho de ração ao seu lado e ficamos todos com uma sensação de missão cumprida. Precisa de algumas horas para que a fratura desinche e possa ser colocada uma tala. Segundo a veterinária, ele ficará bom. Poderá ficar com alguma sequela ao andar, dando umas mancadinhas, mas nada que o impeça de viver e ser feliz. Com os olhos marejados, segurei na patinha boa e fiz uma promessa "Eu vou embora, mas não volto pra Porto Alegre sem vir ver você, carinha". Despedi-me com um sorriso daqueles olhinhos que estavam fixos novamente nos meus. O olhar dizia algo diferente agora. Era como se ele estivesse dizendo "Obrigado por esta segunda chance.". Despedi-me da veterinária prometendo passar lá no dia seguinte para ver como nosso campeão estava passando e também para acertar seus honorários. Não havia mais nada para fazer que não fosse ir para casa. Chegando aqui, com um nó na garganta com tudo que havia acontecido, não segurei o choro quando o Bidu veio fazer festa pra mim no portão. Não segurei e nem quis segurar. Eu pensei nele várias vezes enquanto socorria aquele pobrezinho que não teve a mesma sorte que o Bidu teve de ter um lar, uma família. As lágrimas correram de forma natural e desenfreada. Eu não precisava e nem queria que elas parassem.

Neste instante, uma chuva torrencial começa a abater-se sobre Rio Pardo, certamente lavando as manchas de sangue no asfalto do amigo até então desconhecido que salvei da desgraça certa. Pra dizer a verdade, nem posso afirmar com certeza que ele está vivo. O que sei é que tenho o coração em paz de ter feito o que qualquer ser humano com um bom coração teria feito em meu lugar. Nem quero pensar o que seria dele a uma hora dessas, com essa chuvarada que castiga a cidade. Talvez já estivesse morto. Talvez essa chuva o matasse. Sinto-me em paz comigo mesmo sabendo que nesse momento ele está em um canil, fechado, sequinho, com água e comida, medicado e tratado. Agora é só torcer pra ele se recuperar logo e sair aprontando por aí. No que surgir alguma novidade tento avisar o pessoal por aqui.

Sem mais.

Namastê.

Adendo ao texto, 11 de janeiro de 2009, 20:52:
Pessoal, gostaria de ser o portador de boas novas, mas infelizmente isto não é possível. Apesar da valentia, nosso amiguinho não resistiu a uma hemorragia interna e se foi ontem à noite. Parece que os ferimentos dele foram mais graves do que pareciam ser. Ao receber a ligação da veterinária na manhã de hoje, só uma idéia me passou pela cabeça: dar e ele um enterro digno. Recusei terminantemente a sugestão dada pela dona da clínica de chamar um rapaz que sempre se encarrega de enterrar animaizinhos que morrem por lá. Eu não teria passado por tudo que passei para deixar o bichinho ser levado por um estranho sabe-se lá para onde. Ele foi colocado dentro de um saco grande, forrei bem o porta-malas e levei ele para o mesmo lugar onde todos cãezinhos que já foram amados pela família Ene estão: na nossa Fazenda. Ele foi enterrado junto a um lindo e copado mato de eucaliptos que fica às margens de um açude, fazendo companhia aos outros dois cãezinhos que já estavam lá. Fica a certeza que ele teve um fim digno e sem dor. Assombra-me o pensamento a idéia que se ele tivesse ficado naquela estrada ele morreria da mesma forma sobre uma forte chuva de forma ingrata e dolorosa. Como uma amiga disse-me no msn, talvez ele nunca houvera sido tão bem cuidado em sua vida como naqueles últimos instantes.

Descanse em paz, amiguinho. Acho que encontrou um lugar calmo e pacífico para seu derradeiro descanso. Nem cheguei a lhe colocar um nome, mas estará para sempre no meu coração. Assim como estará para sempre ocupando um lugar de honra junto dos outros cães que tiveram a sorte de ser tão amados em vida como você provavelmente nunca foi.



*
Kelly Clarkson - Behind These Hazel Eyes

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

With one headlight

"Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente"

Essa frase não é minha. Quem dera eu tivesse genialidade suficiente para escrever algo parecido. Na verdade ela é de Carlos Drummond de Andrade e retrata um dos fenômenos mais interessantes que acontecem nos finais de ano: a magia da renovação. O cara pára de fumar, começa academia, começa uma dieta, começa a estudar praquele concurso e mais um sem fim de outras coisas que você sempre quis colocar em prática, mas faltava a oportunidade. Acho que essa é a grande sacada de uma virada de ano, a oportunidade que surge de tornar estas coisas realidade. O início de um novo ano era aquela desculpa que você estava esperando pra fazer uma porção de coisas que durante o ano você estava sem saco ou então ficava adiando por algum motivo idiota qualquer (semana que vem não porque é semana da Pátria, sabe como é...).

Um dos hábitos que eu mergulho de cabeça durante o verão é leitura. Em 2009 vou tentar fazer com que esse hábito estenda-se para o restante do ano. Acho que sou o contrário da maioria das pessoas que gostam de ler no friozinho, debaixo das cobertas em uma tarde chuvosa de Julho. Eu gosto de carregar um livro sempre comigo em dias ensolarados. Gosto de ler numa rede, deitado na piscina, à beira-mar ou em qualquer lugar refrescante como esses. Na verdade ler é um passatempo dos melhores. O tempo simplesmente voa quando se lê, isto porque a sua própria mente voa. Se o nobre leitor deste blog não tem este hábito, deveria adquirí-lo. Veja menos TV ou filmes e leia mais. Aliás, pare de ler essa porcaria de blog e vá ler um livro.

Estou no meu terceiro livro do verão. Já foram dois e mais ou menos mil páginas de leitura. Aconselho muito os dois primeiros e até agora estou gostando muito do terceiro.



O primeiro do verão foi este romance do escritor chinês Da Chen. Ele mora nos EUA desde 1982. Passa-se na China comunista das décadas de 60 e 70 e fala sobre dois irmãos por parte de pai, sendo um deles bastardo com uma serviçal. Os irmãos nem sabiam da existência um do outro. O bastardo foi abandonado pelo pai e viveu uma vida de miséria e sofrimento, até usar da máquina Comunista para subir no escalão militar e tornar-se homem de confiança do presidente. O outro viveu uma vida de luxo e mimos sob a asa de sua família, que era muito influente e poderosa, composta de banqueiros e militares que praticamente mandavam no país. O destino dos dois cruza-se no amor de uma mesma mulher e eles tornam-se inimigos mortais. A narrativa é empolgante e intensa e prende você o tempo todo. Eu lia esse livro em tudo que era lugar.



A Menina que Roubava Livros, do Markus Zusak, passa-se na Alemanha Nazista da Segunda Guerra Mundial e conta a história de Liesel, uma menina que perdeu a mãe e o irmão e foi adotada por uma humilde família de uma cidadezinha alemã chamada Molching (lê-se "molquin"). Fala como foi a infância de uma criança alemã pobre que sentiu a inevitável e pesada mão da Guerra abater-se sobre ela um dia. É uma leitura um pouco mais pesada que o Rio e a Montanha, mas vale muito a pena. A narrativa é bem diferente e interessante. Mais ainda quando descobrimos QUEM é o narrador. Vou deixar esse segredo para quando você for ler o livro.



Comecei este ontem. É de um escritor espanhol chamado Carlos Ruiz Zafón. Não sei bem a história porque mal comecei a ler, mas passa-se na Espanha pós-guerra e conta a saga de um garoto que é apresentado por seu pai a uma sociedade secreta de leitores de livros mortos. Ao escolher um dos livros para sua primeira leitura, ele vem a descobrir que uma maldição se abate sobre aqueles que o leem**. Destaque para os cenários descritos no livro que são sempre sombrios e escuros.

Bueno, como estou de férias em Rio Pardo até dia 12/01 e passei a virada do ano no litoral norte do estado, naturalmente o momento polaroid vai contar com algumas imagens destes ultimos dias.


Belo fim de tarde às margens do Rio Jacuí - Rio Pardo.


De pernas pro ar.


Ay Caramba!!!


Parafraseando a Guiga, até que a Geneci tá bem enxuta pra quem tá na lida desde 1902!


Nada como um aviso delicado.


As famosas corujas de Capão. Esse ano os fogos foram bem longe delas.


O sol ilumina um dos anjinhos da decoração natalina do calçadão.

Namastê!

*
The Wallflowers - One Headlight
** Já vai tarde, acento circunflexo - ponto pra reforma ortográfica.