segunda-feira, 26 de maio de 2008

What is essential is invisible to the eye

Tem coisa mais irritante do que quando você se programa pra uma coisa e ela acaba não acontecendo? Quem me conhece há mais tempo já sabe que uma das coisas que mais me tiram do sério é quando alguém combina algo comigo e liga 1h antes dizendo "olha infelizmente não vou poder porque a família do meu tio chegou de surpresa". Poucas coisas me emputecem mais que planos desfeitos. Eu não sei exatamente o porquê. Talvez este seja um excelente objeto de análise para algum psiquiatra quando eu resolver deitar num divã. Eu imagino que uma das raízes deste comportamento seja o fato de que EU sou sempre bem organizado. Eu planejo as coisas, marco com antecedência, eu me importo com o fato de que a pessoa com a qual marquei o cinema, janta, boate, viagem, ou o diabo a quatro também se planejou. Sendo assim, procuro não frustrar a expectativa que esta pessoa tenha, de repente, criado. Sei lá. Eu não gosto que façam comigo, então não faço pros outros. Isto chama-se empatia.

Mas este rodeio todo foi só pra dizer que hoje eu voltei emputecido da vida para casa. Você arruma a mala da academia toda certinha, separa bermuda, camiseta, luvas de musculação, garrafinha, tenis, abrigo pro frio, boné. Tudo ajeitado e belo dentro da mochila. Eis que após entrar no estacionamento, subir as escadas, tirar toda a roupa no vestiário, colocar a vestimenta de malhação vc se dá conta que.... CARA... CADÊ MINHAS MEIAS?!?!?!?! Dou aquela respirada funda............... -.= Calma, Thiago, calma... usa a meia social mesmo BEM dobrada que ninguém vai ver. Blz. Saí pisando já meio resbalando (meia social não foi feita pra tênis, né?). Quando vou pegar o cadeado pra fechar o armário, me dou conta que esqueci a chave do cadeado no carro. Aí olhei pra cima e disse "Tá bom. Já entendi. Não é pra eu malhar hoje. Blz.". Sai pisando meio firme pela indignação, mas tb meio escorregando dentro do tênis com aquela meia social fina horrível e vim pra casa. Eu sou adepto de uma teoria que as coisas nunca acontecem por acaso. Tudo na vida tem seu motivo de ser. Eu tento pensar nisso nessas horas. Vai que se eu tivesse ido malhar e saísse mais tarde eu fosse ser assaltado na sinaleira ou um Scania sem freio passaria a milhão pelo sinal vermelho me levando junto? Ninguém tem como prever essas coisas.

Estou passando meio que por um momento deja vu. É algo bem pessoal e que prefiro não falar pra ninguém (pelo menos não por enquanto). Sabe quando você tem a sensação de "Hmmmmm.... já vi esse filme e sei bem como ele acaba"? Ainda bem mesmo que sei como ele acaba também. Isto signifca que ele nem chegará ao final. Se tem uma coisa boa que a maturidade tanto de vida quanto sentimental traz pra você é a capacidade de dar um rumo de forma fria a e calculista para as coisas que você se desesperava facilmente antes. Mesmo assim....que coisa... nunca é fácil!!! Nunca é simples. Nunca é direto. Eu sou racional demais, planejado demais. Muito preto no branco, direto ao ponto, "sim ou nao", "verdadeiro ou falso", "vai ou racha". Por que eu tenho essa atração incontrolável pelas coisas que fogem do meu controle? ... reticências e mais reticências... por que as coisas não acontecem de forma fluída, uniforme, pelo caminho mais simples, pelo trammit normal, pelas vias mais lógicas? Muitas reticências e muitos porquês. e este texto já perdeu o motivo de ser. Juro que se eu fosse um escritor das antigas em frente a uma máquina de escrever ele já estaria dentro de uma lata de lixo....

Vamos mudar de saco pra mala e falar do momento Polaroid. Semana passada fui no aniversário da minha amiga Jaque no Shrine Pub. Cara... tinha um tal de "Encontro da Comunidade Balzaquianos de Porto Alegre" rolando no lugar. Muito engraçado o monte de tiozinhos e tiazinhas com todo gás ao som de um excelente rock dos anos 60/70.


Dentro do Shrine - bela frase.


Voltando da festa. Pombinha e mendigo no centro de Poa.


Igreja Nossa Senhora das Dores.


O centro de Poa vazio em plena manhã de feriado.


Centro de Cultura Mário Quintana, idem


Namastê!

segunda-feira, 19 de maio de 2008

And the Beat Goes On

Alguém já reparou como as caçambas de caminhão, aquelas mais antigas, de madeira, tem uns entalhes que parecem... sei lá meu... umas flores, ou uns ramos de alguma coisa.. ou algo indefinido. Sinceramente eu não consegui chegar a uma constatação definitiva a respeito do que diabo aqui ali se parece. Esta é a beleza de um blog. Você está semi-dormindo na estrada, indo fazer compra em Rivera com pai, mãe e irmã. De repente, quando você está quase dormindo ao som semi-longínquo de alguma faixa de Greenday ou Iron no seu iPod, você vira pro lado enquanto o tio Paulo ultrapassa um caminhão e eis que...



Isso mesmo. Um caminhão com detalhes "tribais" na lateral. Comece a reparar. Você irá se surpreeender com o que verá por aí.

Agora, vamos combinar. Viajar em família é tri, né? Algumas das minhas melhores lembranças de infância são em viagens em família. Eu tinha pena dos meus pais, coitados. Eu e minha irmã íamos no banco de trás tipo gato e cachorro implicando um com o outro sem parar a viagem toda. Pior é que eram brigas sem o menor sentido. Coisas do tipo "tu tá invadindo meu espaço!" "não senhora, teu espaço é só até este risquinho!" "Não, é até o outro risquinho aqui!" (apontando com a mão) ..... (tapa na mão)... choradeira. "Thiago pára de judiar da tua irmã!" "Buáááááááááá" "Mas ela tava invadindo meu espaço" "Não quero saber!" "Buáááááááááááá!!!!!!" (fingindo já).... (eu percebo que ela tá fingindo)... (puxada no cabelo)... (tomo dentada na mão)... (dou tapa na cabeça). Novo festival de choro. Nessa hora o pai só vira a mãozona pra trás e vai distribuindo doses disformes de tapas de forma desordenada e aleatória (confesso que sempre tive a impressão que vinha um pouco mais pro meu lado, mas enfim...) sem nem saber onde tava pegando. Funcionava por uns 5 minutos.

Depois de algumas comprinhas em Rivera, fomos ver a Vó Alice no dia das mães, afinal de contas, ela é mãe tb. Apesar dos problemas de saúde, a Dona Alice segue firme e forte, além de ser extremamente lúcida. Umas das coisas que não quero que me aconteça qdo ficar velho é "queimar óleo" e começar a falar asneira!

No outro dia era aniversário da minha mãezinha. Uma das raras vezes que o Tio Paulo vem a Porto Alegre que não seja pra reunião da Farsul ou pra algum protesto de produtores rurais contra a Yeda. É difícil fazer o véio vir pra cá. Vou te contar. "Eu vou, mas vou de tarde, janto e volto no outro dia as 7 da manhã. Vou ficar fazendo o que aí?" - diz ele. Fomos no Outback e dessa vez ele nem saiu reclamando. Achou bem bom.

Falando em coisas boas pra se fazer em Porto Alegre, tem certas coisas que quem é daqui às vezes parece não dar bola ou valor pelo simples fato de estarem perto e acessíveis. Este fim de semana resolvi fazer um passeio que estava há horas me prometendo. Fiz o famoso passeio de barco na orla do Guaíba, que sai do Cais do Porto, circula a ilha da Pintada, passa em frente ao Gasômetro e volta ao ponto de origem. Lindo passeio. Espetacular ver Porto Alegre de uma perspectiva diferente e dar-se conta de como esta cidade é linda e maravilhosa de qualquer ângulo que se olhe para ela.

Pra finalizar (isso que dá ficar 20 dias sem escrever. O blog vira diário, ao invés de registrar meus pensamentos amalucados), o momento tricolor de hoje. Voltamos de férias!! Êêêêêê! \o/. E com um público pra ninguém botar defeito: 43 mil almas lotaram as dependências do Olímpico Monumental na noite de ontem pra presenciar um jogo de um time só. Gremio 0 x 0 Trave e Bruno. Só um time atacou, só um time defendeu. E assim foi. Quando não é pra ser, não é. Pelo menos jogamos um futebol decente. O Grêmio mostrou cara de um time de futebol e não de um bingo de surdos. A torcida saiu triste pelo resultado, mas certamente gostou do que viu. Esse é o Grêmio que queremos. Pra cima, com garra, espremendo no seu campo quem vem nos enfrentar. As palmas no final falaram por si. Fim de semana tem mais. E contra o LÍDER do campeonato!!

Agora... momeeeeento Polaroid! \o\


Rivera - Parrilla Uruguaya - a legítima!


Vai uma velharia aí?


Sair de Rivera sem sacola não pode.


Você teria coragem de tirar da boca dele?


Outuback. Seu Paulo e eu.


Outuback - Feliz aniversário, mãezinha.


A beleza de Porto Alegre que às vezes os porto-alegrenses não enxergam.


Isso foi engraçado. Uma guria (que deve chamar Katisuélen) estava fazendo altas poses para o que, só posso supor, era um vídeo pra ser exibido em sua festa de 15 anos.


As casinhas "mais ou menos" que você encontra no percurso.


O gasômetro de outra perspectiva.


Os armazéns do cais do porto.


As docas de Porto Alegre


Portão principal do Cais


Monumental LOTADO!


Bela festa. REPITAM-NA no sábado!


A tarde cai sobre o Glorioso!

Vou tentar postar mais seguido.

Namastê! (ufa)

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Simply the Best

Primeiro de Maio. O Brasil pára neste dia para descansar, para repor as energias. É bom um feriado na quinta-feira, não é verdade? Corta a semana no meio. A quarta-feira à tarde já se arrasta. A semana já começa com o freio de mão puxado. É uma semana que tem dois domingos, duas sextas e duas segundas! Claro, isso para quem trabalha na sexta. Eu trabalho na sexta. Onde está escrito que sexta também é feriado? O feriado é na Q-U-I-N-T-A! Vamos parar de moleza, moçada. O país tá nessa merda pq o povo não gosta de trabalhar e por que somos historicamente acomodados e nos sujeitamos a tudo.

Falando em primeiro de Maio, faz exatos 14 anos que este feriado não tem mais para mim a conotação de "Dia do Trabalho". Eu paro neste dia para lembrar de uma outra coisa, de um outro fato triste que se abateu sobre este país. Há 14 anos o Brasil perdeu o homem que fazia questão de mostrar ao mundo que ser brasileiro era ser um vencedor. O homem que fazia questão de provar para cada um de nós que nascer neste solo não fadava alguém a ser um zé-ninguém ou acomodado. Que quem nascia nesta terra podia ser o maior, o melhor, o esperto, o audacioso, o arrojado, o que sabia exigir, mandar e desmandar e fazer tudo do seu jeito.

Já adivinhou de quem estou falando, não é? Estou falando do cara que disse a seguinte frase: "Em um dado dia, em uma dada circunstância, você pensa que tem um limite. Então você alcança este limite. Quando isto acontece, algo ocorre dentro de você e você se dá conta que pode ir um pouco além. Com o poder da mente, sua determinação, sua experiência e com seu instinto, você pode alçar vôos muito altos."

Ayrton Senna da Silva é, até hoje, considerado por muitos como o piloto de corridas mais sensacional e imbatível que jamais existiu. Claro que o Schumacher veio e bateu quase todos os recordes. Acho também que o Schumacher foi um fenômeno. Sinto-me feliz por ter visto estes dois gênios correrem (inclusive juntos!). Mas não adianta. Senna tinha algo, uma mágica, um carisma, uma genialidade e uma garra que tornavam as manhãs de Domingo mais alegres.


O rei da chuva

A morte do Senna foi um dos primeiros contatos com a perda provocada pela morte que eu tive. Lembro-me com perfeição dos detalhes daquela manhã de 1º de Maio de 1994. Estava na fazenda do meu pai assistindo à corrida. O acidente ocorreu por volta das 09:30 e em princípio parecia um daqueles acidentes fortes (como o que ocorreu com o Kovalainen domingo passado) que logo, logo o piloto seria resgatado e faria sinal de positivo que estava tudo bem.


O cortejo fúnebre do Campeão parou São Paulo.

Mas isso não ocorreu e logo a preocupação deu lugar à angústia e à tristeza. Palavras como "morte cerebral", "Hospital Maggiore de Bologna", "desaceleração do cérebro", "barra da direção" e a melancólica versão fúnebre do tema da vitória ecoavam como um turbilhão na minha mente. É muito difícil para um guri de 14 anos perder o seu ídolo.


Senna na Lotus Camel de 1987.

O Senna fez eu gostar de F-1. Não sei precisamente quando comecei a acompanhar, mas lembro-me dele na Lótus amarela em 1987 e, mais vividamente, da super temporada de 1988 a bordo da McLaren vermelho e branca (péssimo gosto na escolha das cores, diga-se de passagem). Sempre vou associar a imagem do capacete amarelo do Senna a este carro.


Senna na McLaren\Honda em 1988

Agora segue a esperança que um piloto Brasileiro possa voltar a nos dar alegrias que chegem pelo menos perto de tudo aquilo que Ayrton nos deu. Não queremos um outro Senna. Não queremos porque nunca o teremos. Jamais haverá outro igual. É injusto cobrar dos jovens pilotos brasileiros que igualem os feitos daquele que foi sem sombra de dúvida o mais genial dos seres humanos atrás de um volante. Confesso que sinto arrepios quando vejo imagens do sobrinho do Ayrton, o Bruno Senna, com a cabeça enfiada dentro de um capacete.


Bruno Senna - o sobrinho da Lenda. Semelhança assombrosa!

Espero que a responsibilidade que recai por sobre os ombros do Bruno pese no pedal da direita e não na sua consciência. Se ele souber administrar e galgar com calma e perseverança os degraus que o levarão à F-1, podemos ter a chance de ver um Senna pilotando um F-1 em 2 ou 3 anos, o que seria (tirando toda jogada comercial), no mínimo emocionante.


Descanse em paz, campeão.

Namastê!