quinta-feira, 1 de maio de 2008

Simply the Best

Primeiro de Maio. O Brasil pára neste dia para descansar, para repor as energias. É bom um feriado na quinta-feira, não é verdade? Corta a semana no meio. A quarta-feira à tarde já se arrasta. A semana já começa com o freio de mão puxado. É uma semana que tem dois domingos, duas sextas e duas segundas! Claro, isso para quem trabalha na sexta. Eu trabalho na sexta. Onde está escrito que sexta também é feriado? O feriado é na Q-U-I-N-T-A! Vamos parar de moleza, moçada. O país tá nessa merda pq o povo não gosta de trabalhar e por que somos historicamente acomodados e nos sujeitamos a tudo.

Falando em primeiro de Maio, faz exatos 14 anos que este feriado não tem mais para mim a conotação de "Dia do Trabalho". Eu paro neste dia para lembrar de uma outra coisa, de um outro fato triste que se abateu sobre este país. Há 14 anos o Brasil perdeu o homem que fazia questão de mostrar ao mundo que ser brasileiro era ser um vencedor. O homem que fazia questão de provar para cada um de nós que nascer neste solo não fadava alguém a ser um zé-ninguém ou acomodado. Que quem nascia nesta terra podia ser o maior, o melhor, o esperto, o audacioso, o arrojado, o que sabia exigir, mandar e desmandar e fazer tudo do seu jeito.

Já adivinhou de quem estou falando, não é? Estou falando do cara que disse a seguinte frase: "Em um dado dia, em uma dada circunstância, você pensa que tem um limite. Então você alcança este limite. Quando isto acontece, algo ocorre dentro de você e você se dá conta que pode ir um pouco além. Com o poder da mente, sua determinação, sua experiência e com seu instinto, você pode alçar vôos muito altos."

Ayrton Senna da Silva é, até hoje, considerado por muitos como o piloto de corridas mais sensacional e imbatível que jamais existiu. Claro que o Schumacher veio e bateu quase todos os recordes. Acho também que o Schumacher foi um fenômeno. Sinto-me feliz por ter visto estes dois gênios correrem (inclusive juntos!). Mas não adianta. Senna tinha algo, uma mágica, um carisma, uma genialidade e uma garra que tornavam as manhãs de Domingo mais alegres.


O rei da chuva

A morte do Senna foi um dos primeiros contatos com a perda provocada pela morte que eu tive. Lembro-me com perfeição dos detalhes daquela manhã de 1º de Maio de 1994. Estava na fazenda do meu pai assistindo à corrida. O acidente ocorreu por volta das 09:30 e em princípio parecia um daqueles acidentes fortes (como o que ocorreu com o Kovalainen domingo passado) que logo, logo o piloto seria resgatado e faria sinal de positivo que estava tudo bem.


O cortejo fúnebre do Campeão parou São Paulo.

Mas isso não ocorreu e logo a preocupação deu lugar à angústia e à tristeza. Palavras como "morte cerebral", "Hospital Maggiore de Bologna", "desaceleração do cérebro", "barra da direção" e a melancólica versão fúnebre do tema da vitória ecoavam como um turbilhão na minha mente. É muito difícil para um guri de 14 anos perder o seu ídolo.


Senna na Lotus Camel de 1987.

O Senna fez eu gostar de F-1. Não sei precisamente quando comecei a acompanhar, mas lembro-me dele na Lótus amarela em 1987 e, mais vividamente, da super temporada de 1988 a bordo da McLaren vermelho e branca (péssimo gosto na escolha das cores, diga-se de passagem). Sempre vou associar a imagem do capacete amarelo do Senna a este carro.


Senna na McLaren\Honda em 1988

Agora segue a esperança que um piloto Brasileiro possa voltar a nos dar alegrias que chegem pelo menos perto de tudo aquilo que Ayrton nos deu. Não queremos um outro Senna. Não queremos porque nunca o teremos. Jamais haverá outro igual. É injusto cobrar dos jovens pilotos brasileiros que igualem os feitos daquele que foi sem sombra de dúvida o mais genial dos seres humanos atrás de um volante. Confesso que sinto arrepios quando vejo imagens do sobrinho do Ayrton, o Bruno Senna, com a cabeça enfiada dentro de um capacete.


Bruno Senna - o sobrinho da Lenda. Semelhança assombrosa!

Espero que a responsibilidade que recai por sobre os ombros do Bruno pese no pedal da direita e não na sua consciência. Se ele souber administrar e galgar com calma e perseverança os degraus que o levarão à F-1, podemos ter a chance de ver um Senna pilotando um F-1 em 2 ou 3 anos, o que seria (tirando toda jogada comercial), no mínimo emocionante.


Descanse em paz, campeão.

Namastê!

6 comentários:

Anônimo disse...

Ééééé... a única camiseta vermelha e branca que tolerei colocar na minha vida foi uma que ganhei da McLaren por causa do Senna. Quando ele morreu foi um dos dias mais tristes da minha vida até então. Foi um choque... Pô, primeiro post que presta, hein? heheheheheheh =P

Anônimo disse...

Lembra que tu ficou trancado no teu quarto olhando pro teto por vários dias?
Cheguei a ficar preocupado, mas depois vi que era a dor da perda do primeiro ídolo.
Acho que estas perdas ajudam a entender aquelas que vem depois e que são inevitáveis...

Anônimo disse...

A propósito é galgar e não calgar.
Como pai não posso deixar esta!

Thiago disse...

Até que enfim um comentário do famoso Seu Paulo, mesmo que um deles tenha sigo pra corrigir minha grafia!

Não foi intencional. Foi erro de digitação mesmo. De qualquer maneira, corrigido ;-)

beijos, Pai! Comente sempre!

Thiago.

Mari Thomé disse...

Amei o texto, Thiago.
Eu gostava dos domingos, acordava cedo pra olhar a corrida. Eu era o tipo de criança que a ficha da morte ainda não caía. Mas até hoje me emociono. E quero te agradecer muito por lembrar desse feriado da forma que ele realemnte significa algo importante.

Anônimo disse...

Amei a lembrança....
Com certeza o Senna foi O ídolo brasileiro.
Domingo sem ele não tem graça, mais ainda qdo chove.. ele era féra. Chorei demaissss naqule dia!!! Mas...
Bjs Thi..