quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Live and let die*

Cheguei do mercado agora. Segunda-feira passada o pai tinha me ligado pra me lembrar sobre a Campanha de Vacinação contra a Rubéola. Tipo da coisa que se não está escancarado na minha frente eu não lembro de jeito nenhum. Peraí.... deixa eu colocar uma música agradável aqui.... ahhhh.. mto bom. Sublime - What I Got. Bom, voltando... eu já tinha passado do caixa do mercado e estava indo embora quando vi aquela fila de gente de braço de fora. Digamos que é o tipo de coisa que chama atenção dos transeuntes. Bueno, não é que era a tal de vacina contra a rubéola? Estava ali, de bobeira, era 19h de uma quarta-feira, não tinha nada melhor pra fazer, resolvi tomar. Estranho como algumas coisas de quando você era pequeno refletem-se pelo resto da sua vida e perpetuam-se por sua vida adulta. O jeito de tomar injeção é uma delas. Até hoje eu viro pro outro lado e fecho o olho. Ou então fixo o olhar em alguma coisa que me transmita paz, tranquilidade, ou que desvie meu pensamento do que está rolando. Dessa vez achei um simbolozinho do Grêmio numa cartaz da parede e fiquei olhando fixo pra ele. Quando me dei conta a enfermeira disse "Prontinho". Eu DETESTO tomar injeção. Tá legal , desculpa se eu não gosto da sensação de uma lança de metal fina, gelada e pontiaguda penetrar na sua carne do nada e largar um líquido lá dentro. Lembro quando eu era piá que eu tocava o terror no Posto de Saúde em Rio Pardo. Precisava de um batalhão de pessoas pra me segurar. Isso quando eu não me soltava e deitava o cabelo (que eu ainda tinha). Até me pegarem podia demorar muito tempo. Não sei direito o que adiantava fugir, uma vez que eu teria que acabar tomando a injeção de uma forma ou de outra. Acho que eu gostava de passar a sensação que eu estava tomando, mas que não venderia barato.

Quando já era um pouco maior, tipo uns 6 ou 7 anos, lembro de um dia que eu falei pra mim mesmo "Hoje eu serei bem homemzinho e não vou correr de medo". Estufei bem o peito e fui pra fila. Peito inflado, cheio de orgulho. Eu estava crescendo. Estava me tornando um homenzinho. Aquelas coisas bobas não me assustavam mais. Afinal de contas eu já tinha 7 anos! Foi quando de repente eu comecei a prestar atenção nas crianças que estavam na fila na minha frente. O primeiro da fila era um piá mirradinho do colégio onde eu estudava que arregalou um olhão do tamanho do mundo quando enxergou a "bitola" da agulha - lembrem-se que pra criança tudo é sempre maior - e abriu um bocão que parecia uma lua de tanto chorar quando espetaram aquela agulha monstruosa nele. Pra que né? Como naquele dia minha mãe tava com a "guarda baixa" porque eu tinha prometido me comportar, foi fácil escapar. Acho que eu nunca corri tão rápido na minha vida. Eu dava umas voltas ao redor do Posto de Saúde, onde hoje é a delegacia de Polícia(eu acho), e não tinha quem me pegasse. Era enfermeira, mãe, pais dos outros meninos e até uns piás FDP que já tinham tomado injeção e queriam ver eu levando a pior também tentando me pegar. Normal. Só que nesse dia ninguém me segurou. Tiveram que ligar pro meu pai, que saiu láááá do trabalho dele pra me fazer tomar injeção. Grandes merda que eu fiz, né? Além de tomar a injeção que doeu barbaridade ainda apanhei de alpargata depois. Realmente a gente faz umas coisas geniais quando é criança.

Ai ai .... quarta-feira. Meio da semana. Quarta-feira é um dia da semana que, quando tudo ocorre na sua normalidade, eu resolvo voltar direto do trabalho para casa e me dedicar a alguma atividade doméstica. Hoje, por exemplo, vai sair um macarrão com manjericão e molho de tomates. Troquei de roupa, abri uma garrafa de vinho tinto, alongamento, relaxar corpo e alma. Hoje foi um daqueles dias no trabalho que eu prefiro esquecer. Parece que todos os problemas do universo resolveram acontecer no mesmo dia. Pelo menos todos que apareceram foram resolvidos. Parece que os únicos problemas que ainda me restam são os mais importantes, os que não dependem só de mim, os que eu queria ter o poder de resolver sozinho, mas que sei que não posso. Calma, Thiago. Quem espera sempre alcança - ou se cansa.

Bah.... ontem teve reunião extra-ordinária em cima da hora do Dose Dupla na casa da Moni. Eu, Moni, Mari, Márcio e Camila assistimos ao clássico
Poltergeist. Acho que o filme era bem mais assustador na época em que foi feito, mas eram outros tempos. Na verdade os filmes de terror de hoje em dia são muito baseados em "cagaço". Tá tudo quieto e de repente BOOO! e tu toma um puta dum cagaço de dar pulo do sofá. Poltergeist não tem disso, É um filme que é aterrorizante pelas coisas que acontecem, não pelos sustos que tu toma. Se você é um mané assim como eu que ainda não assistiu, tenha a bondade.


"Carol Anne...."

Namastê!

* Beatles - Live and Let Die
* Guns n Roses - Live and Let Die

9 comentários:

Anônimo disse...


Eu sempre me fiz de corajosa!


A minha irmã mais velha passou algum tempo no hospital durante a nossa infância e, quando voltou para casa, estava tão fraquinha e debilitada que eu me senti no dever de protegê-la de tudo. A mais nova, de certa forma, é como uma filha para mim desde que nasceu, embora a nossa diferença de idade seja bem pequena. Por isso, eu sempre fui a corajosa lá de casa, a irmã forte com quem ninguém queria brigar e a juíza de todas as nossas discussões.

Então, quando íamos nos vacinar, eu fingia não ter medo e era a primeira da fila, pois queria mostrar a elas como aquela dorzinha era insignificante. Assim como ia na frente quando uma delas queria beber água no meio da noite. Eu caminhava com passos firmes e olhava para trás com uma cara de quem diz: "Que bobagem pedir para eu lhe acompanhar. Não se preocupe. Afinal, o que poderia acontecer entre o quarto e a cozinha?". Mas, por dentro, eu estava morreeendo de medo e olhava para cima pedindo para alguém ou alguma coisa não permitir que a gente desse de cara com algo assustador no final do corredor.

Hoje, no entanto, eu sou a maaais medrosa das três. Afinal, elas tiveram alguém para minimizar os seus medos... Eu não!

=P

Anônimo disse...


Okay
, eu exagerei um pouquinho no comment, mas é porque essa foi a minha estréia por aqui. Prometo me conter nas próximas vezes! Afinal, não quero que você me diga para ir escrever o meu próprio blog, pois, ao contrário do exemplo do seu Paulo, eu não acredito que isso aconteceria. Falando nele, quero aproveitar esse momento... Seu Paulooo, um beeeijo pr'ocê!

Thiago disse...

Carol, pq vc não vai escrever seu próprio blog? :P

Obrigado pelo comentário. Volte sempre =]

Paulo, no más disse...

Uma coisa que sempre funcionou foi a "alpargatoterapia", claro que antes havia a tentativa de argumentos, mas quando estes não resolviam...
Que tu tinha medo até das gotinhas anti-pólio tu não fala né?
Lembra quando tu tinhas aquelas crises de laringite estridulosa (que nome véio bem feio)? Pois o enfermeiro aplicador de belas injeções de corticóide era o seu velho e cansado...
bjs

Thiago disse...

Bah véio... não precisa queimar meu filme dizendo que eu tinha medo de tomar gotinha né? hehe. Isso eu nem lembrava!
A laringite estridulosa eu lembro. Coisa horrorosa aquilo. Mas eu imagino que pros pais era bem mais traumatico. Bah... tu dando injecao era mto foda. Tu nao era mto "jeitoso". Afinal de contas tu tava acostumado é a dar injeção em vaca. Mas to aqui vivo, né? Meno male...

Rodrigo Schütz disse...

cara... me identifiquei contigo. Para mim pior que vacina só exame de sangue... A hora de colocar a borrachinha e passar o alcool no braço é interminável. Isso qdo não ta frio e as veias ainda desaparecem... hehehe
Agora fugir do posto eu nunca fiz... mas sempre chegava arrastado =)
Abraço!

Mari Thomé disse...

Hahahaha
Piazito borrador! Essa eu imaginei com o mini-Thiago correndo pela rua... hehehehe

Eu só odeio injeção de Bezetacil. 2ml em cada nádega e dois dias depois mais 4ml de pura diversão :(

Thiago disse...

@Rodrigo: Eu além de chegar arrastado ainda saia correndo em volta do poso de saúde. Não tenho vergonha nenhuma de admitir. E o geladinho do álcool no braço ainda não é a melhor das sensações.

@Mari: na verdade nunca foi mto "mini" pq eu era uma criança gordeeeenha :D

Anônimo disse...

Coisas de infância... eu tinha tanto medo de agulha que em certa ocasião gritei tanto que os vizinhos foram ver o que estava acontecendo.
Afinal isso faz parte da infância da maioria.
Posta logo aí mon cher, vim ler e enconteri o mesmo post.
Bjsss