segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

You give a little love and it all comes back to you*

Tem coisas que vc escuta na escola que você nunca mais esquece. Não sei exatamente qual o critério para você guardar para sempre algumas passagens escolares e outras não. Lembro que eu tinha uma professora de história que falou na primeira aula algo assim: "Vocês acham que 1 hora é muito tempo? E o tempo de se ir de carro até Fortaleza? É muito né? Mas e se compararmos com 1 ano? Bastante tempo? E se compararmos com uma década? Um século? Um milênio? Alunos, "pouco" ou "muito" tempo são coisas relativas quando se pensa em história...". O nome dela era Sandra Kipper. Sempre levei comigo esta passagem como base para formar a teoria que damos às coisas a dimensão que quisermos. Algo pode ser muito grande ou muito pequeno, dependendo de com o que comparamos. Quem nunca se pegou pensando, após algo muito ruim acontecer, alguma coisa do tipo: "E eu pensando que os problemas que eu tinha antes eram importantes.". Hoje estava indo pra PUC com minha irmã e ela estava no carro esbravejando sobre uns livros que ela esqueceu em casa pra devolver na biblioteca. Fez um escândalo se lamentando como se ela tivesse perdido R$ 1.000.000,00 na bolsa ou algo assim. Ela nem terminou de falar e passamos ao lado de um atropelamento por ônibus na Ipiranga. Um cara estirado no chão sendo atendido pela SAMU, talvez tenha ido pro saco ou tenha ficado com sequelas graves. Parece que a vida faz questão de dizer pra gente algumas coisas do tipo: "Fica quieto que seu 'grande' problema não é nada comparado com aquilo ali ó." e pronto, aparece na nossa frente alguma desgraça para, talvez, nos envergonharmos de engrandecer tanto as picuinhas do nosso dia-a-dia. Fazemos isso porque esses são nossos "grandes" problemas.Temos que ter do que reclamar, sempre. Como dira Sarah Mclachlan: "There's always some reason to feel not good enough".

Estava pensando nisso esses dias enquanto via imagens da tragédia que se abate sobre Santa Catarina. Aquelas pessoas sim estão com problemas de verdade. Eu sinto uma tristeza enorme em ver imagens de Blumenau, a cidade que me acolheu por 9 meses e que aprendi a amar. A cidade que apenas quem morou lá, não quem foi só pra Oktober, sabe como pode ser bela o ano todo e como recebe bem quem chega. Desmenti todos mitos do povo daquela cidade quando fui para lá. Pessoas altamente receptivas, fiz muitas amizades que preservo até hoje, uma cidade de uma limpeza, capricho, arquitetura e trânsito impecáveis. Sabe parar na faixa de segurança? Sabe dar a vez pro outro passar na preferencial? Sabe ceder a vaga no shopping? Não sabe, né? Isso existe em Blumenau, trânsito mais educado que já digiri na vida. É exatamente por este capricho de uma cidade que sempre pareceu sair de um conto de fadas em termos de limpeza e aparência (não se vê UM papel na rua lá, nem pedintes nas esquinas) que fico muito entristecido ao ver entulhos, sujeira, barro e lixo varrendo as belas ruas por onde passei muitas vezes e passei 9 felizes meses.


Acima, a Blumenau que eu lembro. Abaixo, a Blumenau que todos querem esquecer.

Quer ajudar? Vá a qualquer agencia dos correios e faça sua doação em alimentos não perecíveis. Você teve o azar de nascer Colorado? Leve 1kg de alimento não parecível ao jogo contra o Estudiantes quarta-feira. Haverão postos de recolhimento por lá. Você tem a sorte de ter nascido Gremista? O Grêmio está recolhendo alimentos não perecíveis e agua mineral durante toda esta semana e também no dia do jogo contra o Atlético MG no Domingo, com vários postos de recolhimento nas imediações do Olímpico. Você não vai a estádio e não quer ir aos correios? Faça um depósito em uma das contas correntes
neste link. Não tem internet baking? Não quer ir no banco? Ligue 0800 48 2020 e colabore. Um telefone você tem, não tem? Vamos lá. Não vai doer. Não vai te fazer falta e vai ajudar muito a quem precisa. As pessoas que perderam o que construíram durante uma vida toda e não têm o que comer agradecem.

Vamos falar de coisas boas? Lá lá lá lá lá lá!!! Terça... terça-feira. Terça-feira eu realizei o sonho da maioria dos trabalhadores urbanos. Eu olhei pro céu e disse "acho que não vou trabalhar. Vou pra praia". E FUI! Claro, tudo alinhado e combinado com a empresa. Semana tranquila, projetos em dia. Bronzeador, cadeira, chinelo, bermuda, óculos e FREEWAY! Mas que maravilha. Vocês não imaginam como é bom estar saindo de Porto Alegre num calorão absurdo, com aquelas pessoas endoidecidas no trânsito, e rumar calmamente para uma praia calma e semi-deserta, muito bem acompanhado. Nada que eu fale vai valer mais que as imagens. Por isso, o Momento Polaroid dessa semana é todo dedicado ao dia que eu realizei o sonho de todos aqueles que assistiram "Curtindo a Vida Adoidado" na Sessão da Tarde umas 200 vezes.



Olha a faceirice das criaturas indo pra praia numa terça.


Freeway é só minha!


Chegando.


Chegamos \o;


Dá pra acreditar que isso é centro de Capão na frente do Bar Onda?


Que você fez na terça passada? A gente foi pra praia.


... e bebeu ceva.


Ah sim... e comemos fritas!


E a Guiga parece um caminhoneiro com esse palito na boca. Devia ter emprestado meus óculos pra ela.


Namastê!

*
Bugsy Malone - You Give A Little Love

Mas ficou famosa mesmo por causa dessa propaganda!

8 comentários:

Anônimo disse...

E é óóóbvio que eu não concordo com você, coiozinho!

Quando eu era criança e não conseguia resolver uma operação difícil de divisão, a minha irmã mais velha dizia: "Difícil? Isso aí? Difícil é a MINHA lição!". E me mostrava aquela equação enooorme, com letras por entre os números e cheia de numerozinhos menores pendurados em cima dos outros.

Eu não fazia a mínima idéia de como começar a resolver aquilo, mas isso não tornava uma divisão com três algarismos mais fácil pra mim.

É claro que eu sei que os meus problemas poderiam ser piores, mas é justamente por serem MEUS que eles são tão graves. Porque é isso que eu estou vivendo agora e é com isso que eu preciso lidar todos os dias.

Existem pessoas ao redor do mundo com problemas muito maiores do que as enchentes de Santa Catarina, mas isso não vai fazer alguém que perdeu tudo o que tinha se lamentar menos por isso, não é?

Anônimo disse...

Mas, deixando de lado esse péééssimo hábito que eu tenho de lhe contrariar, é lógico que eu entendo o que você quer dizer. E concordo plenamente com o que diz a música! =P

Não te estressa à toa, guri!

Thiago disse...

Mas você acabou de endossar o que eu escrevi. Eu não disse que a tragédia de Santa Catarina é a maior desgraça do mundo. Ela é grande, mas se compararmos com a guerra ou com a fome na África, ela é menor. Não consegui entender onde está o ponto que você discorda, mas tudo bem :-)

Bjus, sua mala.

Simone disse...

sempre achamos que nossas tristezas são maiores que as dos outros. é normal isso. quando uma pequena coisa foge do nosso controle, lá vamos nós xingar céus e terra. normal! óbvio que sempre tem alguém que sofre mais que nós. minha mãe é que diz: a vida é uma roda gigante, um dia você está por cima e no outro embaixo, então nunca cuspa lá de cima!

:)

no mais, praia na terça foi um espetáculo!

bjs bjs bjs

Mari Thomé disse...

Ajudarei sempre. Já não tive uma casa pra morar. Mas não tenho um milésimo da idéia do que eles estão passando.
Pergunta se algum deputado que ganha 20 mil/mês ajudou?
Tomara que quem não faz nada numa hora dessas vá pro inferno.

Morri de inveja da praia. E as batatas fritas estavam lindas, hein??

Beijos de um comentário atrasadíssimo!!!

Thiago disse...

Moni: praia é sempre bom. Só sair de POA pra desopilar já é alguma coisa.

E Mari: adoro tuas maldições! :D

Marcio Fiorino disse...

vem cá, tu bebeu cerveja e dirigiu depois??? QUe feio....

Thiago disse...

Bebi as 11h e dirigi as 17h ;) O tempo de processamento de 2 copos de cerveja é 4 horas!