Eu sei que prometi um texto contando toda saga que foram esses dois meses de pé quebrado, mas aconteceu o que eu já imaginei que aconteceria: eu acabei esquecendo da maioria dos detalhes menores e engraçados que eu gostaria de ter escrito a respeito. Aos poucos eu vou lembrando e colocando aqui ou no twitter.
Hoje de manhã, como já é de praxe aos sábados, fui comprar aquele super erva-mate defumada que o Seu Ari Tibola traz direto de Marau. Quem ainda não conhece, deve conhecer. Estabelecimento fica na Felipe Camarão, lado esquerdo da rua entre a Bento Figueiredo e a Henrique Dias. Feito o jabá, deixa eu contar o fato que me aconteceu hoje de manhã. Parei o carro a meia quadra do local e, com toda sorte do mundo recaindo sobre mim, começou a cair a maior chuva da história da humanidade. Mas tudo bem, o lugar era perto e eu não demoraria mais que cinco minutos para comprar a erva e voltar, se bem que levei em consideração que ainda não estou liberado para correr por causa do impacto.
No que eu estou atravessando a rua, enxergo um senhor de idade com sacolas da feira ecológica da Redenção, sozinho, locomovendo-se com muita dificuldade com o auxílio de uma daquelas bengalas de quatro pontas. O pessoal passava ao largo fugindo da chuva e ninguém o ajudava. A chuva apertando, olhei pro mercadinho a menos de 10 metros de distância, olhei pro senhor em grande dificuldade, suspirei e fiz o que é certo. Fui ao encontro dele e falei "o senhor precisa de alguma ajuda?". "Meu filho, se me ajudares a atravessar a rua já lhe serei muito grato". Eu imagino que o teria ajudado de qualquer forma, mas certamente o fato de eu ter passado 45 dias precisando da ajuda das pessoas para fazer tudo e com problemas sérios de locomoção, eu tinha pelo menos uma idéia do que era a dificuldade que aquele senhor estava enfrentando para caminhar vagarosamente, com sacolas em um aguaceiro apocalíptico daqueles. Dei de braços com ele e procuramos um ponto onde não estivesse correndo muita água na sarjeta da rua, pois ele tinha grandes dificuldades em fazer movimentos longos com as pernas.
Vendo minha camiseta do Grêmio ele disse: "Só podia ser gremista para estar ajudando este velho. Eu fui um dos primeiros sócios do Grêmio. Comprei a primeira leva de títulos patrimoniais logo que colocaram a venda.". E assim ele me contou toda história de quando ele ia no estádio 40 anos atrás, dos grandes craques que viu jogar, das grandes conquistas e dos jogos inesquecíveis.
E nesse momento eu nem me importei com a chuva. Já estava molhado mesmo. A grande alegria de poder ajudar uma pessoa tão necessitada só era compensada pela história que eu ouvia. Não importavam os carros que passavam e jogavam spray do asfalto, nem a chuva que torrencialmente seguia molhando as lentes dos óculos de ambos e mais o resto da roupa toda, nem o meu tênis que já fazia BLOSH, BLOSH, SMUISH a cada passo. Éramos dois que não podiamos correr da chuva, então ficamos nela mesmo. Eu poderia livrar-me dela mais rápido, é verdade, mas eu jamais poderia livrar-me da culpa em não ajudar quem precisa.
Chegando ao outro lado da rua, ele afirmou que morava perto e que eu não precisava acompanha-lo até em casa. O grande problema dele era atravessar a rua mesmo. Apoiar-se em mim não o fazia andar mais rápido, portanto não fazia sentido eu ir junto. A grande ajuda que ele precisava era para descer e subir o cordão da calçada e alguém para gesticular e dar segurança a ele enquanto os carros rugiam pelo asfalto. Com a missão cumprida, ele despediu-se com um sorriso de agradecimento e um "Amanhã 2x0 neles!". Não sei se esse será o placar, na verdade. A grande vitória já foi hoje. A vitória da solidariedade, da gentileza, do fazer bem ao próximo. E quando estes ganham, não existem derrotados.
Momento Polaroid e mais uma semana que fechou. Quer jeito melhor para fechar a semana que na beira do Guaiba tomando um mate?
Eu sei que é repetitivo, mas é bem lindo!!!
Eu sei muito bem o que a Sra. Fogaça quis dizer com "Porto Alegre é Demais"
Mais ou menos isso aí...
Ou talvez isso aí...
Bah. milhares de temperos no Mercado Público, o paraíso dos apreciadores da culinária.
"Você dá um pouco de amor e tudo volta para você.
Você será lembrado pelas coisas que diz e faz"
* Comercial Coca-Cola
Namastê!
Hoje de manhã, como já é de praxe aos sábados, fui comprar aquele super erva-mate defumada que o Seu Ari Tibola traz direto de Marau. Quem ainda não conhece, deve conhecer. Estabelecimento fica na Felipe Camarão, lado esquerdo da rua entre a Bento Figueiredo e a Henrique Dias. Feito o jabá, deixa eu contar o fato que me aconteceu hoje de manhã. Parei o carro a meia quadra do local e, com toda sorte do mundo recaindo sobre mim, começou a cair a maior chuva da história da humanidade. Mas tudo bem, o lugar era perto e eu não demoraria mais que cinco minutos para comprar a erva e voltar, se bem que levei em consideração que ainda não estou liberado para correr por causa do impacto.
No que eu estou atravessando a rua, enxergo um senhor de idade com sacolas da feira ecológica da Redenção, sozinho, locomovendo-se com muita dificuldade com o auxílio de uma daquelas bengalas de quatro pontas. O pessoal passava ao largo fugindo da chuva e ninguém o ajudava. A chuva apertando, olhei pro mercadinho a menos de 10 metros de distância, olhei pro senhor em grande dificuldade, suspirei e fiz o que é certo. Fui ao encontro dele e falei "o senhor precisa de alguma ajuda?". "Meu filho, se me ajudares a atravessar a rua já lhe serei muito grato". Eu imagino que o teria ajudado de qualquer forma, mas certamente o fato de eu ter passado 45 dias precisando da ajuda das pessoas para fazer tudo e com problemas sérios de locomoção, eu tinha pelo menos uma idéia do que era a dificuldade que aquele senhor estava enfrentando para caminhar vagarosamente, com sacolas em um aguaceiro apocalíptico daqueles. Dei de braços com ele e procuramos um ponto onde não estivesse correndo muita água na sarjeta da rua, pois ele tinha grandes dificuldades em fazer movimentos longos com as pernas.
Vendo minha camiseta do Grêmio ele disse: "Só podia ser gremista para estar ajudando este velho. Eu fui um dos primeiros sócios do Grêmio. Comprei a primeira leva de títulos patrimoniais logo que colocaram a venda.". E assim ele me contou toda história de quando ele ia no estádio 40 anos atrás, dos grandes craques que viu jogar, das grandes conquistas e dos jogos inesquecíveis.
E nesse momento eu nem me importei com a chuva. Já estava molhado mesmo. A grande alegria de poder ajudar uma pessoa tão necessitada só era compensada pela história que eu ouvia. Não importavam os carros que passavam e jogavam spray do asfalto, nem a chuva que torrencialmente seguia molhando as lentes dos óculos de ambos e mais o resto da roupa toda, nem o meu tênis que já fazia BLOSH, BLOSH, SMUISH a cada passo. Éramos dois que não podiamos correr da chuva, então ficamos nela mesmo. Eu poderia livrar-me dela mais rápido, é verdade, mas eu jamais poderia livrar-me da culpa em não ajudar quem precisa.
Chegando ao outro lado da rua, ele afirmou que morava perto e que eu não precisava acompanha-lo até em casa. O grande problema dele era atravessar a rua mesmo. Apoiar-se em mim não o fazia andar mais rápido, portanto não fazia sentido eu ir junto. A grande ajuda que ele precisava era para descer e subir o cordão da calçada e alguém para gesticular e dar segurança a ele enquanto os carros rugiam pelo asfalto. Com a missão cumprida, ele despediu-se com um sorriso de agradecimento e um "Amanhã 2x0 neles!". Não sei se esse será o placar, na verdade. A grande vitória já foi hoje. A vitória da solidariedade, da gentileza, do fazer bem ao próximo. E quando estes ganham, não existem derrotados.
Momento Polaroid e mais uma semana que fechou. Quer jeito melhor para fechar a semana que na beira do Guaiba tomando um mate?
Eu sei que é repetitivo, mas é bem lindo!!!
Eu sei muito bem o que a Sra. Fogaça quis dizer com "Porto Alegre é Demais"
Mais ou menos isso aí...
Ou talvez isso aí...
Bah. milhares de temperos no Mercado Público, o paraíso dos apreciadores da culinária.
"Você dá um pouco de amor e tudo volta para você.
Você será lembrado pelas coisas que diz e faz"
* Comercial Coca-Cola
Namastê!